Dizem que existe essa gente, yeah!
segunda-feira, 22 de setembro de 2008Quando o pau-de-arara tropicalista se assentou no cenário musical do eixo Rio – São Paulo, ainda década de 60, pularam da boléia os baianos que traziam sua nova forma de fazer canção. O movimento conjugava aspectos antagônicos, sintetizando as contradições culturais vividas pelo Brasil: o novo marcava encontro com aquilo que havia sido deixado para trás no curso do tempo, as cores do país eram misturadas às influências estrangeiras que o invadiam.
À época de seu exílio em Londres, Caetano Veloso chegou a contribuir com alguns textos para O Pasquim, periódico brasileiro que se destacava como um dos principais veículos de oposição ao regime militar. Mais tarde, quando o líder do movimento já estava de volta ao país, esse mesmo jornal iniciou uma postura de ataque contra a Tropicália, lamentando a “invasão” do Rio de Janeiro pelos artistas baianos. Assim, surgiu uma das alcunhas mais geniais da história da música popular brasileira: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia foram apelidados de “baiunos” por um dos críticos de arte do jornal.
Certa vez, Jorge Mautner disse que Jesus Cristo havia sido o verdadeiro bárbaro – o doce bárbaro, pois ele conseguiu acabar com o Império Romano usando de armas como o amor e o perdão. A referência não só serviu para alguns versos da canção Os Mais Doces Bárbaros que diz “Com amor no coração/ Preparamos a invasão/ Cheios de felicidade/ Entramos na cidade amada” e, adiante, parafraseia Mautner com “Doce bárbaro Jesus”; mas também para dar nome a um projeto que mataria as saudades de Bethânia. Desde os shows Nós, por exemplo e Mora na Filosofia, a cantora sentia muita falta do tempo em que os quatro trabalhavam juntos em Salvador.
Embora muita gente não perceba ou não queira acreditar, os Doces Bárbaros jamais se pretenderam a um grupo musical propriamente dito, senão, sê-lo de maneira artificial. Naquela época, a escolha pela artificialidade ironizava a incoerência do modelo brasileiro de vida, efeito catastrófico dos processos acelerados de modernização e urbanização que, por sua vez, criavam uma carapaça plástica de desenvolvimento sobre um miolo podre de contradições.
À época de seu exílio em Londres, Caetano Veloso chegou a contribuir com alguns textos para O Pasquim, periódico brasileiro que se destacava como um dos principais veículos de oposição ao regime militar. Mais tarde, quando o líder do movimento já estava de volta ao país, esse mesmo jornal iniciou uma postura de ataque contra a Tropicália, lamentando a “invasão” do Rio de Janeiro pelos artistas baianos. Assim, surgiu uma das alcunhas mais geniais da história da música popular brasileira: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia foram apelidados de “baiunos” por um dos críticos de arte do jornal.
Certa vez, Jorge Mautner disse que Jesus Cristo havia sido o verdadeiro bárbaro – o doce bárbaro, pois ele conseguiu acabar com o Império Romano usando de armas como o amor e o perdão. A referência não só serviu para alguns versos da canção Os Mais Doces Bárbaros que diz “Com amor no coração/ Preparamos a invasão/ Cheios de felicidade/ Entramos na cidade amada” e, adiante, parafraseia Mautner com “Doce bárbaro Jesus”; mas também para dar nome a um projeto que mataria as saudades de Bethânia. Desde os shows Nós, por exemplo e Mora na Filosofia, a cantora sentia muita falta do tempo em que os quatro trabalhavam juntos em Salvador.
Embora muita gente não perceba ou não queira acreditar, os Doces Bárbaros jamais se pretenderam a um grupo musical propriamente dito, senão, sê-lo de maneira artificial. Naquela época, a escolha pela artificialidade ironizava a incoerência do modelo brasileiro de vida, efeito catastrófico dos processos acelerados de modernização e urbanização que, por sua vez, criavam uma carapaça plástica de desenvolvimento sobre um miolo podre de contradições.